Quinta do Monte D’Oiro - um excelente enoturismo próximo a Lisboa
A Quinta do Monte D’Oiro fica localizada em Alenquer, cerca de quarenta (40) minutos de Lisboa, e faz parte da região de denominação de origem controlada Lisboa.
O nome da Quinta se relaciona à sua localização: o Monte que avistamos se cobre da cor dourada no por-do-sol, deixando-se ser um “monte dourado”.
Desde o século XIX produz vinhos, incluisve, já produziu vinhos generosos por parte do Visconde de Chanceleiros - com a filoxera, praga que destruiu as vinhas em toda Europa, para conseguir manter a produção do vinho do Porto, o Visconde produzia vinhos na Quinta do Monte D’Oiro e enviava de barco para o Porto, onde era comercializado (como vinho do porto).
Já nas mãos do empresário e gastrônomo José Bento dos Santos desde 1990, e do seu filho Francisco Bento dos Santos - que nos recebeu e é o homem atualmente à frente da Quinta, a primeira vinha plantada foi a Vinha da Nora, em 2002 - com a casta syrah. Para além dela, foram posteriormente plantadas a Parcela 24 (já falaremos sobre isso), e castas brancas comos Viognier, Marsanne e Arinto.
Antes mesmo de plantarem outras vinhas decidiram plantar a floresta - onde há nogueiras, pinheiros,permitindo a biodiversidade, com o olhar para o futuro.
Por fim, mas não menos importante, foram plantadas castas no Monte - como Cabernet Franc. Especialmente sobre esta área (vinhas de Cabernet Franc) há uma estória que nos aquece o coração. Vou contar!
Depois de decisões técnicas e muito bem pensadas sobre quais castas deveriam ser plantadas, observando o terroir, o Francisco pediu que o pai - o Sr. José - escolhesse uma casta para ser ali plantada… o Sr. José questionou e disse que eles que deveriam decidir com o olhar técnico (Francisco e Equipe). Insistindo no pedido, o Francisco explicou que todas as outras partes da propriedade já tinham cumprido esta função e queria mesmo que o Sr. José escolhesse… a verdade é que queriam deixar uma marca e homenagem ao homem que foi o início de tudo. Diante desta insistência, o Sr. José mais que rapidamente disse: Cabernet Franc! E assim foi feito o plantio! Lindo, não é?
Um breve parênteses às informações da Quinta do Monte D’Oiro, mas que acabará por confirmar sobre ela: enoturismo é muito mais do que vinho - é história do lugar, da família, é ver nos olhos de quem faz o vinho o amor por ele. Vinho é muito mais que bebida, e o enoturismo é capaz de nos aproximar desta paixão engarrafada.
Voltando à Quinta do Monte D’Oiro, a Quinta está situada a apenas 20km de distância (em linha reta) do Oceano Atlântico, o que em muito influência no terroir. São vinte e nove (29) hectares plantados, e boa parte destes é da casta syrah. Focando exatamente no terroir privilegiado, em 2006 iniciaram a conversão para a produção biológica, com o foco em produzir vinhos que exprimam fielmente o terroir.
O desengaçador, com plástico e mais delicado, permitindo a suavidade na extração do engaço.
A premissa na produção é a suavidade - extrações mais suaves, cubas pequenas, processos em separado (por casta e por parcela). Esta é a identidade da Quinta.
O Oceano Atlântico está logo atrás dos “cataventos”.
CURIOSIDADE: Onde hoje avistamos uma Igreja era, antigamente, uma destilaria! Após a compra pela família foram construídas as torres e colocados os sinos.
A Igreja, antiga destilaria.
Vamos conhecer os vinhos?
A Quinta lançou dois vinhos - Monte D’Oiro Branco (2024) e Monte D’Oiro Tinto (2023): ambos feitos de vinhas jovens - plantadas em 2017 - com um perfil irreverente, mais acessível, mais direto, menos complicado. A ideia é ter um vinho mais cotidiano mantendo a essência.
Tanto no branco como no tinto priorizaram castas majoritariamente portuguesas, com pequena parcela de casta estrangeira. No branco, castas Arinto e Fernão pires (com pequena quantidade de Viognier); no tinto, Tinta Roriz e Touriga Nacional (ao qual adicionam pequena quantidade de syrah).
Para além dos lançamentos, provamos os seguintes vinhos:
Quinta do Monte D’Oiro Reserva Rosé (2023) - um 100% syrah, com parcela selecionada para fazer exclusivamente o rosé. Para este vinho toda viticultura é focada no rosé, e depois é feito como vinho branco. Toda a cor decorre exclusivamente da primeira prensagem, com estágio em barrica de 500l usadas em Viognier. É um rosé suave, subtil, com a complexidade que a barrica traz.
Quinta do Monte D’Oiro Reserva Branco (2023) - feito com 100% Viognier, da melhor parcela da casta. Há um controle de maturação muito rigoroso, que levam a ter que vindimar duas vezes - primeiro os cachos de fora e depois os presentes no interior das videiras. É um vinho tecnicamente com muito trabalho, com batonagem frequente e estágio em barrica. Este vinho é um engarrafamento do terroir da Mont D’Oiro.
Quinta do Monte D’Oiro Cabernet Franc (2022) - Esta á 2a edição, após o sucesso da primeira (onde se fez apenas 800 garrafas). Após fermentação em cuba de inox, passou por estágio de 18 meses em barrica de carvalho francês. É um vinho elegante e com a máxima expressão da casta (as notas de pimentos estão presentes no nariz e na boca).
Quinta do Monte D’Oiro Reserva Tinto (2022) - o vinho mais emblemático da Quinta, que começaram a fazer em 1997. Para ser feito este vinho é escolhido um lote das melhores parcelas de syrah (a cada ano, das melhores parcelas escolhem, no máximo, cinco destas). Passa por estágio em barrica (18 a 20 meses) e possui taninos aveludados, sendo um vinho com grande capacidade de envelhecimento.
Quinta do Monte D’Oiro Ex Aequo (2021) - Nasceu em parceria com o enólogo francês Michel Chapoutier. Hoje a parceria não persiste, mas o vinho continua a ser produzido em homenagem ao Sr. José Bento dos Santos. O vinho 2021 possui 50% de Syrah e 50% de Touriga Nacional (os anteriores tinham 75% Syrah e 25% Touriga Nacional). Possui grande complexidade aromática e bela estrutura de boca.
Quinta do Monte D’Oiro Parcela 24 (2020) - Para este vinho são utilizadas uvas de uma única parcela de syrah - a parcela 24 - onde as cepas são todas diferentes e únicas. Há uma maceração prolongada e estágio de vinte (20) meses em barrica de carvalho francês, sendo 40% destas novas. Um vinho de muita personalidade, sem dúvidas.
De todos, dois me conquistaram de forma imediata - o Cabernet Franc e o Parcela 24. A notas de pimentos (pimentão) do Cabernet Franc foram muito presentes, revelando mesmo a casta - embora presentes, não são enjoativas e o vinho se encontra muito redondo. O Parcela 24 também é surpreendente e muito único - diferentemente de outras vinhas, onde temos clones, na Parcela 24 temos cepas completamente diferentes umas das outras, traduzindo em uma boca com fruto maduro (ameixa preta) e taninos presentes e bem envolventes - um tinto de alta qualidade e para momentos especiais.
Também tivemos a oportunidade de provar os vinhos Oiro Branco (2023) e Oiro Tinto (2022) - o Oiro branco é feito com 100% arinto, e o tinto com 100% syrah - ambos de vinhas plantadas em 2017. Na minha opinião são dois vinhos com capacidade de agradar a maior parte das pessoas e ótimos para acompanhar as refeições entre amigos e família.
Como chegar à Quinta do Monte D’Oiro:
A forma mais conveniente para visitar a Quinta do Monte D’Oiro é de carro, e saindo de Lisboa você deverá seguir na direção da A1 - veja no Maps a localização.
Para conhecer a Quinta do Monte D’Oiro com conforto e enriquecendo a sua experiência, nos contate! Vamos viver uma experiência única com vinhos de excelência!
Se você quer saber como é uma experiência de enoturismo, leia aqui!
Leiam “de baixo para cima”.
A visita foi feita em setembro de 2025, a convite da Quinta do Monte D’Oiro e da Vinalda.