Museu do Douro: visitar e apreciar

O MUSEU DO DOURO fica em Peso da Régua, bem em frente ao rio Douro, e conta sobre o Douro - sua história, utensílios, a filoxera, sua gente.

Além do Douro, o museu conta ainda sobre o Vinho do Porto - pois estão intimamente ligados, e também há outras exposições - como a exposição permanente da Armanda Passos - uma reguense que orgulha Portugal.

A parte destinada ao Douro conta sobre este, desde sua origem, e resumo aqui.

História da Região

Antes mesmo de termos vinícolas e a grande produção de vinhos do Douro, a região - século XIII - foi ocupada por várias ordens religiosas, em especial a Ordem de Cister com seus grandes mosteiros: Salzedas, São João de Tarouca e São Pedro das Águias.

Especialmente sobre o mosteiro de Salzedas, a quinta onde este foi construído - Quinta do Paço do Monsul - foi dada por D. Afonso Henriques (primeiro rei de Portugal) a Pedro Viegas. Este, por sua vez, a vendeu em 1201 a D. Teresa Afonso, viúva de Egas Moniz. Foi D. Teresa quem fundou o mosteiro de Salzedas, doando-lhe o Monsul.

Embora estes mosteiros se localizassem fora da região produtora de vinhos, investiram em grande produção vitivinícola nas melhores terras, fundando quintas - muitas delas famosas e ainda existestes. Os mosteiros possuíam, ainda, barcos próprios que desciam o rio Douro levando produtos para o mercado portuense. Já temos aqui um “embrião” do escoamento das barricas de vinhos do Porto nos rabelos.

Do século XIII saltamos para 1756 - neste ano, e em razão de muitas falsificações que começaram a acontecer, o Marquês de Pombal fixa a demarcação da região - o Douro passa a ser assim a primeira região demarcada de vinhos do mundo.

É também em 1756 que é fundada a Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, com poderes para legislar e administrar em nome do Estado toda a produção vitivinícola da região demarcada.

Posteriormente, e fortalecendo os negócios existentes entre Portugal e a Inglaterra, e também para dar vazão à produção de vinho do Porto, é firmado entre D. Pedro II (rei de Portugal) e a Rainha Ana da Inglaterra o Tratado dos Panos e Vinhos (1704). Este Tratado teve papel fundamental na economia portuguesa.

De lá para cá os Vinhos do Douro e do Porto ganharam o mundo, e a região é uma das mais visitadas em termos de enoturismo.

O MUSEU DO DOURO

O Edifício

O edifício onde está instalado o Museu do Douro abrigou antes a sede da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro - é a Casa da Companhia.

Esta Companhia foi a responsável pela demarcação do vinho do Porto (a primeira demarcação do mundo), pela regulação da produção e comercialização dos vinhos. Ao longo do século XIX a Companhia foi perdendo as competências, vindo a ser extinta em 1863 - e a partir disso o edifício passou a ser da Real Companhia Velha.

Posteriormente, foi destinado ao Museu do Douro - sendo classificado como monumento de interesse público em 2017.

O Museu

O Museu do Douro foi inaugurado em 20 de dezembro de 2008, e nele podemos conhecer mais da região do Douro e de como o vinho foi trabalhado ao longo dos anos.

Antes mesmo de falarmos do conteúdo do Museu é importante dizer que o Douro é Patrimônio da Humanidade pela UNESCO desde 2001. A Região Demarcada do Douro (RDD) se estende por 250.000 hectares entre Barqueiros e Barca d’Alva, e apresenta um clima mediterrâneo de invernos frios e verões muito quentes - exite uma expressão muito dita por lá que resume este clima: “9 meses de inverno e 3 meses de inferno” (risos).

No Museu conseguimos ver bem o que leva a esta expressão, pois em termos de solo - que influencia fortemente a temperatura - tem-se um solo de xisto, com algum granito. No Museu podemos ver como são estes solos (vide imagem abaixo).

O terroir é também constituído pela altitude, pelo clima, e pelas pessoas - são as escolhas dos/as enólogos/as e produtores/as que permitem levar para a garrafa o melhor que o terroir pode dar.

E indo além dos solos, no Museu podemos observar como surgem os primeiros vinhos e como se cultivavam as uvas.

Dos itens expostos no Museu podemos ver o livro de 1873 sobre a Filoxera - a praga que devastou as vinhas da Europa e também uma amostra de sulfureto (produto químico utilizado na raiz da videira para combater a filoxera.

Além do processo de cultivo é possível também conhecer mais sobre os vinhos do Porto e sentir os seus aromas:

Muitas garrafas antigas de Vinhos do Porto estão expostas para que possamos ver:

E o ponto alto, para mim, foi ver o traje (parece um vestido) da D. Antónia Adelaide Ferreira - a mulher que promoveu uma revolução nos Vinhos do Porto. Para saber mais sobre a sua história, clique aqui.

Ao final da visita há a possibilidade de realizar uma prova de vinho do Porto no restaurante que fica no andar superior do Museu.

Vocabulário:

  • Enxertar: é a tarefa de unir os tecidos de duas plantas de espécies diferentes. O garfo, cavaleiro ou enxerto é a parte superior, geralmente feito com uma casta local que vai produzir a variedade desejada. O cavalo ou porta-enxerto é o sistema radicular de suporte e que adapta a planta às condições do solo, do clima e doenças - geralmente é feito com uma videira americana.

  • Rabelos: barcos que eram utilizados para o transporte de grandes cargas de vinho. Os rabelos foram tradicionalmente construídos em estaleiros improvisados, próximos das localidades dos clientes e, geralmente, construídos em menos de dois meses utilizando-se matérias primas pobres como o pinho, castanho e linho.

  • Socalcos: técnica agrícola e de conservação dos solos utilizada em terrenos muito inclinados e que permite o seu cultivo. Também chamada de terraço ou terraceamento. Ao observar a paisagem do Douro são os “degraus” existentes no montes que circundam o rio e onde estão plantadas as vinhas.

  • Surriba: fazer o solo para a vinha pela destruição da rocha-mãe. Operação de limpeza e regularização do terreno pedregoso que permite criar condições favoráveis ao crescimento das videiras: permite a fixação das raízes e da água, evita a erosão e contribui para a manutenção de uma temperatura constante.

Serviço - Museu do Douro:

  • Endereço: Rua Marquês de Pombal, CP 5050-282, Peso da Régua.

  • Há estacionamento no local de forma gratuita.

  • O Museu é completamente acessível.

  • Entrada: 8€ - veja no site oficial todos os valores.

  • Horários:

    (1) De 1 de março a 31 de outubro (verão): todos os dias das 10h às 18h;

  • (2) De 1 de novembro a 28 de fevereiro (inverno): todos os dias das 10h às 17h30min.

Não abre nos dias 25 de dezembro, 01 de janeiro e 01 de maio.





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